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Reavaliação do BPC: Quando acontece, o que é exigido e como se preparar

O Benefício de Prestação Continuada (BPC), também conhecido como BPC/LOAS, é um dos principais mecanismos de amparo social no Brasil. Garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), ele oferece um salário mínimo mensal a pessoas com deficiência e idosos com 65 anos ou mais que vivam em situação de vulnerabilidade social.

Mas receber o BPC não significa que o beneficiário está isento de futuras avaliações. Pelo contrário, a legislação prevê que o benefício deve passar por revisões periódicas. Neste artigo, você vai entender quando ocorre a reavaliação do BPC, o que é exigido pelo INSS, como se preparar e o que fazer caso haja o risco de suspensão ou negativa da continuidade do benefício.

O que é a reavaliação do BPC?

A reavaliação é um procedimento de revisão obrigatório e periódico realizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para verificar se os beneficiários do BPC continuam atendendo aos requisitos legais para o recebimento do benefício.

Essa medida tem por objetivo evitar fraudes, garantir que os recursos sejam destinados a quem realmente necessita e promover a eficiência do sistema assistencial.

Por que a reavaliação do BPC acontece?

A reavaliação do BPC está prevista no artigo 21-§ 10 da Lei nº 8.742/93, que determina:

“A pessoa com deficiência beneficiária do BPC será submetida a reavaliação da deficiência, no máximo, a cada dois anos.”

Com base nisso, o INSS pode convocar o beneficiário para:

  • Atualização do CadÚnico;
  • Nova perícia médica;
  • Nova avaliação biopsicossocial;
  • Comprovação de renda atual da família.

Quem deve passar pela reavaliação?

A reavaliação é obrigatória para:

  • Todos os beneficiários com deficiência, incluindo pessoas com autismo;
  • Beneficiários que não atualizam o CadÚnico há mais de 2 anos;
  • Famílias com mudanças de renda;
  • Beneficiários cujas condições de saúde podem ter mudado.

Beneficiários idosos (acima de 65 anos) também estão sujeitos a revisão, embora o foco esteja nas condições de vulnerabilidade econômica e na atualização cadastral.

Quando a reavaliação do BPC é feita?

Geralmente, a reavaliação acontece a cada dois anos. Porém, o INSS pode antecipar esse processo em algumas situações:

  • Sinais de mudança nas condições de deficiência ou de renda familiar;
  • Denúncias anônimas ou fiscalizações;
  • Cruzamento de dados com outros órgãos (ex: Receita Federal, CadÚnico, registros de carteira assinada);
  • Ausência de movimentação bancária.

Como é feita a notificação para reavaliação?

A notificação pode ocorrer por:

  • Carta do INSS enviada ao endereço do beneficiário;
  • Mensagens no aplicativo Meu INSS;
  • Convocação por Diário Oficial da União;
  • Comunicação por telefone ou SMS oficial do INSS.

É importante manter o endereço e o telefone atualizados no CadÚnico para evitar perda de prazos.

O que é exigido na reavaliação do BPC?

1. Atualização do CadÚnico (Cadastro Único)

  • Deve ser feita no CRAS mais próximo;
  • Precisa conter informações atualizadas sobre todos os membros da família, renda, escolaridade, saúde e moradia.

2. Comprovação de renda familiar

  • Comprovantes de rendimentos (contracheques, extratos bancários, comprovante de benefícios recebidos);
  • Declaração de isenção de renda, quando aplicável.

3. Laudos e relatórios atualizados

  • Laudos médicos recentes (com no máximo 12 meses);
  • Relatórios de acompanhamento escolar, terapêutico, psicológico ou ocupacional;
  • Documentos que comprovem uso de medicamentos, tratamentos e dificuldades funcionais.

4. Avaliação médica e biopsicossocial

  • Realizada por peritos do INSS e assistentes sociais;
  • Analisa limitações, grau de dependência, impacto da deficiência na vida cotidiana, e condições sociais da família.

O que acontece se o beneficiário não comparecer?

A ausência não justificada na reavaliação pode resultar na suspensão temporária ou definitiva do benefício. Caso o beneficiário perca o prazo:

  1. Ele ainda pode solicitar a reanálise ou reativação, apresentando justificativa plausível (doença, viagem, mudança de endereço, etc);
  2. Em caso de negativa, é possível entrar com recurso administrativo;
  3. Persistindo a negativa, pode-se recorrer judicialmente com o apoio de um advogado ou da Defensoria Pública.

Como se preparar para a reavaliação do BPC?

1. Mantenha o CadÚnico sempre atualizado

  • Atualize sempre que houver mudanças na família, na renda ou no endereço;
  • Mesmo sem mudanças, atualize pelo menos a cada 2 anos.

2. Guarde todos os documentos importantes

  • Mantenha laudos, receitas, relatórios e exames organizados e atualizados;
  • Tenha cópias digitais para facilitar anexos em pedidos online.

3. Solicite relatórios de profissionais que acompanham o beneficiário

  • Escolares (caso seja criança ou adolescente);
  • Terapeutas ocupacionais, psicólogos, psiquiatras, neurologistas, etc.

4. Documente os gastos com saúde

  • Comprove despesas com medicações, consultas, terapias e transporte;
  • Guarde notas fiscais, recibos e receitas.

5. Tenha tudo pronto com antecedência

  • Evite deixar para juntar documentos última hora;
  • Estar preparado ajuda a evitar suspensões injustas.

Como agir se o BPC for suspenso após a reavaliação?

a) Verifique o motivo da suspensão

  • Acesse o Meu INSS para ver o histórico e a decisão;
  • Anote o número do protocolo e a justificativa oficial.

b) Entre com recurso administrativo

  • No prazo de 30 dias a partir da decisão;
  • Apresente documentos complementares e alegações fundamentadas.

c) Busque apoio jurídico

  • Caso o recurso seja negado, procure a Defensoria Pública ou um advogado especializado;
  • É possível entrar com uma ação judicial para recuperar o benefício.

Casos em que a Justiça garante a continuidade do BPC

Em diversas situações, a Justiça tem garantido a manutenção do benefício, principalmente quando:

  • A família comprova que a renda continua baixa;
  • A deficiência persiste ou é permanente (como o TEA);
  • Houve falhas na avaliação do INSS;
  • O CadÚnico estava atualizado e a convocação não foi recebida.

Dica extra: BPC para autistas é permanente?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica permanente, mas isso não significa que o BPC será vitalício automaticamente.

Mesmo em casos de autismo severo, o INSS pode reavaliar para verificar se há melhorias funcionais ou se a família teve aumento de renda.

Conclusão

A reavaliação do BPC é um processo necessário e legal, mas também pode gerar ansiedade para muitas famílias. Saber quando acontece, o que é exigido e como se preparar é fundamental para garantir que o benefício continue sendo pago sem interrupções.

Manter documentos organizados, atualizar o CadÚnico regularmente e buscar orientação especializada são atitudes que fazem a diferença.

Se você já passou por uma reavaliação, ou está com medo de perder o benefício, saiba que há caminhos legais para recorrer e lutar pelos seus direitos.


Quer ajuda para enfrentar a reavaliação do BPC?

Fale com nossa equipe especializada e tire suas dúvidas. Estamos prontos para te orientar passo a passo.

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Diogo
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